12 maio, 2020

A Catedral de Notre-Dame



Poucos templos atingem a perfeição da Catedral de Paris, devido ao equilíbrio de suas proporções e à harmonia de suas fachadas, onde se combinam suas formas horizontais e verticais. É o ponto culminante do estilo gótico, o mais belo edifício religioso da Capital da França (Guia Michelin de Paris, 2ª edição, 1993, p.113).

O templo atual foi precedido de outro gálico-romano, de basílica cristã e de igreja românica. Foi fundado pelo bispo Maurício de Sully, havendo a construção se iniciado em 1163, com a conclusão dos trabalhos por volta de 1300.


São Luís, Rei de França, ali depositou a coroa de espinhos em 1239, antes que ficasse pronta a Capela Santa do Palácio Real. Em 1302, Filipe o Belo lá abriu solenemente os primeiros estados gerais do Reino.

Portanto, Notre-Dame é o símbolo maior da monarquia capetiana, da aliança entre o altar e o trono, que representam o poder espiritual e o temporal.

Suas arcadas, suas ogivas e seus vitrais denotam o ápice do estilo gótico, a mais elevada manifestação arquitetônica de adoração a Deus.

Em face de tal significado, contra ela se voltou a Revolução, durante a qual foi profanada e vandalizada, em demonstração de ódio a Deus, à Igreja , ao Rei e à nobreza , enfim contra tudo que fosse superior.
                                              
Daí em diante, foi o templo dedicado ao culto pagão da deusa da Razão. As imagens foram destruídas e os sinos, salvo o maior, derretidos para a fabricação de canhões. Em suas arcadas foram amontoados víveres para o povo e forração para os animais.
                                               
Ao longo do tempo, o edifício entrou em decadência, tendo sido iniciada a restauração após o lançamento da obra “O Corcunda de Notre-Dame” de Vítor Hugo, inserido no movimento literário romântico.
                                               
A Revolução aboliu a religião cristã, declarando os templos católicos propriedade do Estado e promovendo perseguição contra o clero.
                                               
Atualmente, destacava-se como ponto de atração turística, mediante a cobrança de ingresso dos visitantes em grande número,  liderados por guias com flâmulas de identificação dos grupos, que forneciam explicações em uma babel linguística, o que limitava por demais os serviços religiosos.
                                                   

Mas voltara a entrar em decadência física nos últimos tempos, o que culminou com o grande incêndio que a consumiu em 15 de abril de 2019, como consequência do abandono a que estava relegada.
                                                   
A obra da Revolução foi completada pelo Estado laico, agnóstico e liberal, com a destruição do templo, cuja reconstrução, cara e difícil, não se sabe se e quando poderá ser concluída.
                                                  
Que a tragédia sirva para despertar o renascimento da fé na nação que  fora a filha dileta do cristianismo, com a restauração do culto católico no templo dedicado a Nossa Senhora, não como atração turística do parque temático de Paris!

                                              São Paulo, 11 de maio de 2020

                                              Paulo Eduardo Razuk
                                              Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo