08 abril, 2020

A PESTE



                         Desde que enganado pelo demônio, o homem  julga-se senhor do mundo, capaz de estabelecer o que é bom ou mau segundo o próprio arbítrio, dispensado o Criador (Gênesis, 3, 1 a 5).

                         A contestar o domínio do homem sobre o mundo, vez ou outra surgem pragas da natureza, a causar grande morticínio.

No Antigo Testamento, encontra-se a passagem das pragas rogadas sobre o antigo Egito (Êxodo, 7 a 11).

Na Idade Média, a Peste Negra ou Bubônica, causada por uma bactéria proveniente da pulga do rato negro, foi uma  epidemia que resultou na morte estimada de milhões de pessoas, da Ásia à Europa.

 Na Idade Contemporânea, a Gripe Espanhola foi uma pandemia causada pelo vírus influenza, ao final da Primeira Guerra Mundial, que também  terminou em um morticínio estimado em cinquenta milhões de pessoas.



                        Passando à ficção, na Guerra dos Mundos, romance de H. G. Wells, marcianos que haviam invadido a Terra, para exterminar a humanidade, são destruídos por micro-organismos, contra os quais não tinham defesas naturais. Desta vez, os micróbios estariam    a voltar-se contra o homem?

                        Na atualidade, espalha-se pelo mundo, com incrível rapidez, a pandemia causada pelo coronavírus, a impor, como medida paliativa, um isolamento social sem precedentes, com graves repercussões econômicas.

                        Até que se consiga obter um remédio ou uma vacina eficientes, o vírus parece querer devastar a humanidade. No momento, só nos resta ficar em casa, como o homem pri-mitivo se escondia das feras nas cavernas.

                        A lição que se pode tirar dessa tragédia é que as vitórias humanas são sempre efêmeras, podendo ser superadas pelos flagelos que, de tempos em tempos, devastam a espécie humana.

                        No dizer de Albert Camus, a peste não desaparece nunca, ficando adormecida entre um ciclo e outro, até que dela nos tenhamos esquecido.

                        Para refletir: quando o homem se afasta da luz divina, quer dizer da lei natural revelada pela graça ou pela razão, cai nas trevas da peste. Para relembrar Gustavo Corção, não seria a peste causada pelo desconcerto do mundo?

                       Que Deus guarde a nós e a nossas famílias!



Paulo Eduardo Razuk, desembargador aposentado do TJSP.