16 novembro, 2016

A protestianização da cultura - Parte II

Segunda parte do texto protestianização da cultura do padre Javier Olivera Ravasi e traduzido pelo Frei Zaqueu o qual cedeu a Associação Dom Vital para publicação.

Parte I aqui


5. A influência do Protestantismo na cultura atual
O padre Julio Meinvielle em sua obra já clássica intitulada “O comunismo na revolução anticristã”[24], assinala com precisão que, no homem coexistem quatro formalidades, isto é, quatro constitutivos. O homem é, antes de tudo, um aliquid, ou seja, um algo, uma coisa; mas ao mesmo tempo, o homem é também animal, quer dizer, é um ser sensível, que segue o bem deleitável. Mas não só isso: o homem é também homem, ou seja, é um ser racional que se guia pelo bem honesto e pode alcançar e apreender a verdade; mas acima destas três formalidades, o homem também é capaz de Deus, está chamado à vida em comunhão com Ele, que é a vida sobrenatural.
Esquematizando então, poderia se dizer que quatro são as formalidades:

a. A formalidade sobrenatural ou divina.
b. A formalidade humana ou racional.
c. A formalidade animal ou sensitiva.
d. A formalidade da mera realidade ou da mera coisa.

Seguindo este mesmo esquema tentaremos ver como as teses protestantes que temos selecionado têm podido influir em nossos hábitos culturais. Mas antes uma objeção: poderia se dizer que o Protestantismo como tal, isto é, como religião, parece estar extinto em sua raiz mais acabada; e no entanto, a forma mentis, os hábitos que ela engendrou, inclusive em ambientes católicos, esteja muito viva. Porque uma heresia pode morrer como confissão religiosa mas suas consequências culturais podem perdurar no tempo.


Mas vejamos as revoluções possíveis.

a.       Em primeiro lugar, a revolução do eu contra Deus: relativismo subjetivista
Como podemos ver, o princípio de imanência ou o “advento do Eu” não só tem sido o princípio, mas a causa do resto das teses protestantes. Esse giro rumo à subjetividade e rumo à interioridade se disparará poucos anos depois da “Reforma” tanto em sua vertente racionalista, fideísta como empirista. Se trata, nas memoráveis palavras de Fabro, de um “subjetivismo dogmático” pelo qual “o Protestantismo terminará inevitavelmente no anarquismo[25] a partir do qual “o ato de fé que termina por tragar ou sufocar o elemento dogmático[26].
Já o denunciava em palavras também memoráveis Pio XII: “Nestes últimos séculos... quiseram a natureza sem a graça… Cristo sim e a Igreja não (Revolução humanista e protestante)... depois Deus sim e Cristo não (Revolução liberal)... ao fim, o grito ímpio: Deus está morto (Revolução comunista)”[27].
Esse culto pelo EU, fará do homem um Deus-para-si que, longe de regressar a sua formalidade “natural”, ou “racional” o desbarrancará a um lodaçal sem limites. Quer dizer, o culto pessoal, não o levará novamente a um âmbito “natural” mas a um afastamento deste. Mas, por quê? –poderíamos nos perguntar licitamente- não torna o homem, abandonando a graça, à ordem natural existente prévia ao cristianismo, por exemplo? por que não torna à sabedoria dos gregos ou à ordem romana?
A razão parece encontrar-se na mesma ideia de redenção. Em efeito, quando Deus quis irromper agressivamente na história, chegada a plenitudo temporum (Gal 4,4) a inteligência humana foi elevada pela graça tornando o homem “mais homem” (se se nos permite a expressão). Agora, ao retroceder à própria interioridade subjetiva, o homem volta a ser uma espécie de Prometeu desacorrentado não ao manejo de suas paixões, senão à desordem das mesmas.
Chesterton o retratou com estas inesquecíveis palavras:

É impossível adorar à humanidade, do mesmo modo como é impossível adorar (…) (um) clube; ambas são instituições extraordinárias às quais podemos eventualmente pertencer. (…). Suprimindo o sobrenatural, o que nos restará é o antinatural[28].

A que se refere o escritor inglês ao dizer, “nos restará o antinatural”? A que, abdicando da primazia de Deus, não se volta ao homem, mas se cai ainda mais.
Vejamos em palavras de Lutero como, voltando-se a si mesmo, despreciava a realidade anterior a ele, como querendo inventar a roda:

Lutero o quer, Lutero assim o diz. Lutero é um doutor acima de todos os doutores de todo o papismo (…)[29]. “Ainda que os santos Cipriano, Ambrósio e Agostinho; ainda que São Pedro, São Paulo e São João; ainda que os anjos do céu te ensinem outra coisa, isto é o que sei de correto: que não ensino coisas humanas, senão divinas; ou seja, que tudo o atribuo a Deus, aos homens nada (…). Os Santos Padres, os doutores, os concílios, a mesma Virgem Maria e São José e todos os santos juntos podem equivocar-se” (ele não, claro)[30].



A primazia do EU pessoal fará que a mesma concepção de verdade se veja afetada. Já não será, por certo, a conformidade do intelecto à coisa, mas simplesmente um produto da vontade:

O que mais chama a atenção na fisionomia de Lutero, é o egocentrismo: algo muito mais sutil, mais profundo e mais grave que o egoísmo; o egoísmo metafísico. O eu de Lutero se converte praticamente no centro de gravidade de todas as coisas (…). “Não admito, escrevia em junho de 1522, que minha doutrina possa ser julgada por ninguém, nem sequer pelos anjos. Quem não receber a minha doutrina não pode chegar a salvar-se” (…). O eu de Lutero, era segundo ele, o centro em torno ao qual devia gravitar a humanidade inteira; se converteu a si mesmo no homem universal em quem todos deviam encontrar seu modelo. Resumindo, se colocou em lugar de Jesus Cristo[31].

Ao que arremata:

Mas o caso de Lutero –se pergunta Maritain– não nos mostra na realidade um dos problemas contra os quais se debate em vão o homem moderno? Me refiro ao problema do individualismo e da personalidade[32] (…). Chegamos aqui ao fundo do erro imanentista. Consiste este em crer que a liberdade, a interioridade, o espírito, residem essencialmente em uma oposição ao não-Eu, em uma ruptura do adentro com o afora: verdade e vida serão, pois, unicamente buscadas no interior do sujeito humano; tudo o que provém em nós do que não é nós, ou seja, o que provém de outro, é um atentado contra o espírito e contra a sinceridade. E tudo o que é extrínseco a nós, significa a destruição e a morte de nosso interior (…). Por conseguinte, para o individualismo protestante moderno, a Igreja e os sacramentos nos separam de Deus; para o subjetivismo filosófico moderno a sensação e a ideia nos separam do real”[33].

Fazendo do homem o centro da realidade e, melhor dito, a única realidade “real”, é absolutamente necessária a caída na isolada interioridade. Para a cultura moderna só existe o eu e é ele quem possui os critérios de bem e de verdade. A norma da verdade já não é o objeto sobre o qual se emite um juízo, senão a psicologia do sujeito, ou o que se afirma no ambiente, as condições culturais de uma sociedade etc. Toda verdade é relativa pois só é válida em relação com o sujeito que a pensa: o bem, a ética, a religião etc., só valem o que o homem ou o grupo de homens queira pagar por elas segundo seus diversos condicionamentos; “nesta perspectiva, tudo se reduz a opinião”[34], como diz João Paulo II.


Lewis, em uma pérola literária intitulada “O veneno do subjetivismo” assinala que na modernidade o homem “não crê que os juízos de valor sejam sequer realmente juízos. São sentimentos, ou complexos, ou atitudes, produzidas em uma comunidade pela pressão de seu ambiente e de suas tradições, e diferem de uma comunidade a outra. Dizer que uma coisa é boa é simplesmente expressar nosso sentimento rumo a ela[35].
O mesmo conceito de “afirmação” por si só, de “definição” pode ser para o homem atual considerado obtuso; o sim, sim; não, não evangélico resulta para a cultura moderna como fascista e intolerante. “Tudo é negociável”, afirma Rojas[36], pois não existe mais “a verdade”, mas “minha verdade”, “tua verdade”, segundo as próprias preferências; “uma verdade à la carte”. Se trata de um novo código ético onde tudo pode ser, alternativamente, positivo ou negativo, tornando impossível todo diálogo por não existir um ponto de encontro com a coisa.

b. Segunda caída: revolução da sensibilidade contra a inteligência
A segunda revolução se dará, segundo o esquema traçado, da formalidade sensível à racional. Lutero –já o dissemos– desconfiava do papel da inteligência para além do âmbito prático. Nada de contemplação, nada de vida segundo as potências superiores. As frases ilustrativas são inumeráveis; vejamos algumas delas:

A razão se opõe diretamente à Fé, e deveriam deixá-la que se vá; nos crentes há que matá-la e enterrá-la (…). Deves abandonar tua razão, não saber nada dela, aniquilá-la completamente; sem isso não entrarás nunca no céu (…). Há que deixar a razão em sua casa, pois é a inimiga nata da Fé. Nada há tão contrário à Fé, como a lei e a razão. Precisamos vencê-las, se queremos alcançar a bem-aventurança[37].
(A razão) quando trata de imiscuir-se nas coisas espirituais, é cegueira e trevas (…) só pode blasfemar e desonrar tudo o que Deus tem dito e feito (…) a razão é a prostituta do diabo, por sua essência e maneira de ser, é uma prostituta daninha (…) que deveria ser pisoteada e destruída[38].

Um detalhe a ressaltar é o curioso fato de que Lutero chame prostituta à razão e que logo, a Revolução Francesa, filha da luterana, a entronize exaltando-a a seguir na catedral de Notre Dame de Paris. É que, como dizia Frei mais acima, apenas se trata de acentuar um e outro princípio (a fé ou a razão) desde a mesma subjetividade.
De Aristóteles, talvez o maior pensador da Antiguidade e “maestro di color che sanno” se dizia:

Aristóteles é o ímpio baluarte dos papistas. É à teologia o que as trevas são à luz. Sua ética é inimiga da graça; é um filósofo arcaico, um canalha que deveriam meter no chiqueiro ou na pocilga dos asnos… um caluniador sem vergonha, um comediante, o mais artimanhoso e astuto corruptor dos espíritos. Se não tivesse realmente existido em carne e em osso, se poderia tê-lo, sem nenhum escrúpulo, pelo diabo em pessoa (…). É impossível reformar a Igreja se antes a teologia e a filosofia escolástica não são arrancadas pela raiz[39].

Se a razão não serve, só resta a sensibilidade. É o homem de pernas para o ar de que falava o padre Alberto Ezcurra seguindo a Ovidio:

Quando Deus cria ao homem o cria vertical (…). Essa criação do corpo do homem vertical é um signo do que tem que ser o homem por dentro, em sua alma (…). Deus o criou com a cabeça acima do coração, com o coração acima do estômago, do sexo e dos pés. E essa hierarquia do homem vertical nos está indicando também o que o homem tem que ser por dentro:
Acima de tudo está a cabeça; quer dizer, a inteligência que me faz conhecer a realidade e conhecer a verdade. E essa verdade que a inteligência conhece se mostra ao coração, isto é, à vontade; para que a vontade ame o que é verdadeiro e o que é bom. E depois vêm também as paixões, os sentimentos e os instintos que, iluminados pela inteligência e governados pela vontade, servem para que o homem seja capaz de entusiasmar-se por tudo o que é verdadeiro e por tudo o que é bom.
Essa é a imagem do homem como Deus o criou: inteligência que conhece a verdade, se a mostra à vontade como algo bom sendo as paixões e os sentimentos governados pela vontade e dominados pela inteligência. Agora bem, o homem moderno é um homem posto “de pernas para o ar”. Ao homem vertical que Deus criou se lhe opõe um homem invertido. O que está acima? Acima de tudo estão as paixões, estão os instintos, estão os sentimentos. Pelo que se guia o homem? “Eu gosto”, “eu não gosto”; “tenho desejos”, “não tenho desejos”; “que lindo!”, “que feio!”. Nos guiamos pelos instintos. E depois vem a vontade. A vontade para satisfazer todos os caprichos dos instintos; e ao final, bem abaixo de tudo, vem a pobre inteligência. Para quê? Para justificar-me e dizer que tudo o que eu gosto está bem”[40].

Ao ter abdicado da inteligência, o que resta é que esta sirva de serva das paixões, ficando o homem impossibilitado do livre arbítrio nas mãos de um Deus predestinador. Max Weber explicou com maestria como esta concepção determinista do protestantismo levará necessariamente ao capitalismo moderno: se Deus dispôs desde toda a eternidade que algumas pessoas se salvem e outras se condenem, independentemente do que façam, não poderá se descobrir desde agora qual é sua vontade? Ou seja, como saber se alguém se encontra no estado de condenação ou de salvação eterna? Pois bem: dado que Deus não muda, não cambia, deve existir algum indício que nos indique quais são os signos da predileção divina em seus elegidos. Quais serão? Simples: a prosperidade econômica; o triunfo nesta vida: a prosperidade, assim como se ensinava no Antigo Testamento:

Fui jovem, já sou velho / nunca vi a um justo abandonado, nem a sua linhagem mendigando o pão. / Diariamente se compadece e dá emprestado; bendita será a sua descendência (…). Os justos possuirão a terra, a habitarão pelos séculos dos séculos[41].

Calvino, o grande teórico do protestantismo (e seu verdadeiro criador, segundo Belloc), instaurará este princípio: os homens devem tentar enriquecer-se e, se o fazem, é porque foram eleitos por Deus; do contrário, é signo de que estão condenados para toda a eternidade[42].
Mas ainda resta uma caída; a caída na formalidade “coisa”.

c. Terceira caída: a pessoa como objeto
As raízes filosóficas e teológicas do Protestantismo, com seu voluntarismo irracional, levarão a que o homem seja considerado simplesmente um objeto, uma coisa que, como tal, não dependa mais que do arbítrio de outro mais poderoso que ditem as leis.
A ordem da lei eterna, lei divina, lei natural e lei positiva tem sido alterado ou negado, admitindo somente a última como válida e fraturando a objetividade do Direito não restando mais que a vontade do legislador, daí que um filósofo do direito  como Kelsen termine por aceitar que não exista mais lei que a positiva, inclusive quando não fossem de seu agrado, como as do regime nazi.
Com peculiar estilo o expressa Lewis:

Qualquer um se indignaria ao ouvir um alemão [nazi] dizer que justiça era “o que convinha aos interesses do terceiro Reich”. Mas nem sempre se recorda que essa indignação careceria totalmente de fundamento se um mesmo considerasse a moralidade como um sentimento subjetivo que pode ser alterado à vontade. A menos que se tenha algum padrão objetivo do bem, que abarque igualmente aos alemães, aos japoneses, e à nós mesmos —o obedeça ou não qualquer de nós—, por suposto que esses alemães estarão tão autorizados para criar sua ideologia como o estamos nós para criar a nossa[43].

Se a única regra do bem agir é a vontade política, longe da razão e dominada por caprichos positivos, o que hoje possa ser bom ou verdadeiro, amanhã poderá ser mau e falso e a política, no melhor dos casos, ficará governada por princípios ideológicos sujeitos ao governante de turno. Por outra parte, o súdito, não alcançará seu próprio bem, senão em vistas do Estado, do qual será uma parte quase acidental do todo e em lugar de ordenação do bem próprio ao bem comum haverá subordinação -ontológica- da parte ao todo, assim como a mão se subordina ao corpo e o ramo à árvore. O indivíduo “será” para o Estado porque só nele encontrará sua essência, liberdade e verdade (como indivíduo)[44], como um momento que encontra sua concreção. A pessoa em quanto tal ficará convertida a objeto, e ela mesma por sua vez, a simples referência a objetos (de prazer, de estudo etc).
Da formalidade sobrenatural, então à mera formalidade de coisa.

Conclusão

Dizia Belloc na introdução que dedicou a Chesterton em “Assim ocorreu a Reforma”:

(A reforma) não foi o incêndio intencional de um nobre edifício; menos ainda a meritória demolição de um ignóbil. Se pareceu mais a um grande fogo destruidor aceso por homens que habitavam uma casa e que, empenhados em um experimento violento que requeria uso de chamas, se achavam demasiado excitados para perceber o risco que corriam. O experimento se realizou mal, e a metade das habitações da casa restaram queimadas até seus cimentos, e as demais se salvaram, mas chamuscadas e enegrecidas[45].

Isso foi o protestantismo: uma heresia que, como confissão religiosa se encontra em clara extinção (inclusive mais que a católica), mas que engendrou uma cultura que hoje subsiste em muitos aspectos.
Nos coube habitar essa “metade das habitações” das que falava Belloc; habitações chamuscadas, enegrecidas e até abandonadas por seus proprietários; mas habitações de uma casa fundada sobre Rocha, que deve ser reconstruída e restaurada desde a verdadeira religião que engendrará uma verdadeira cultura cristã.
Como reformar nossa cultura ante este barbarismo? Como não dobrar-nos a ela? Há apenas umas semanas lhe perguntaram o mesmo ao cardeal Cafarra, ao que respondeu –e nós com ele, para terminar- o que cremos ser o início da solução:

Lhe direi com toda a franqueza: eu não vejo nenhum outro lugar fora da família, onde a fé que há que crer e viver possa ser suficientemente transmitida. Por outra parte, na Europa durante o colapso do Império Romano e durante as invasões bárbaras posteriores, o que fizeram os monastérios beneditinos naquele momento, do mesmo modo pode ser feito agora pelas famílias dos que creem, no reinado atual de uma nova barbárie espiritual (que é uma) barbárie antropológica[46].


Pe. Javier Olivera Ravasi
21/7/2016


[24] Julio Meinvielle, El comunismo en la revolución anticristiana, Cruz y Hierro, Buenos Aires 1982.
[25] CORNELIO FABRO, “La spiritualità protestante e il pensiero moderno”, em Dal Essere al essistente, 83.
[26] Ibidem, 72.
[27] Pio XII, 12/10/1952.
[28] GILBERT K. CHESTERTON, “La Navidad y los estetas” em Herejes, El Cobre, Madrid 2007, 80-86.
[29] ALFREDO SÁENZ, op. cit., 171.
[30] Ibidem, 145.
[31] JACQUES MARITAIN, Lutero ou o advento do Eu; em http://www.jacquesmaritain.com/pdf/08_HUM/01_H_Lute.pdf (consultado em 25/6/2016; 9).
[32] Ibidem, 12).
[33] Ibidem, 31-32).
[34] JOÃO PAULO II, Fides et ratio, nº 5.
[35] C. S. LEWIS, The Poison of Subjectivism, 73 (citado por ALFREDO SÁENZ, El hombre moderno. Descripción Fenomenológica, Gladius, Buenos Aires 1998, 128).
[36] RICARDO ROJAS, El hombre light. Una vida sin valores, Planeta Argentina, Buenos Aires 1994, 28.
[37] ALFREDO SÁENZ, op. cit., 162.
[38] ALFREDO SÁENZ, op. cit., 161.
[39] Ibidem, 160.
[40] ALBERTO EZCURRA, Los jóvenes y la sociedad de consumo.
[41] Sal 36.
[42] Calvino tomou o que é uma das potências mais perigosas e antigas da humanidade: o sentido da fatalidade; o isolou, o converteu em supremo e o introduziu pela força. Calvino aceitou a Encarnação, mas a obrigou a encaixar no velho horror pagão da compulsão: Ananké... Deus se havia encarnado para salvar à humanidade, mas essa humanidade nas quantidades e os indivíduos para quem ele havia determinado agir. A ideia do Inexorável se mantinha; os méritos de Cristo eram atribuição e nada mais. Deus era Causalidade e a Causalidade é um todo imutável. Um homem era condenado ou salvo, e isto não dependia dele. O reconhecimento do mal como igual ao bem, que se converte rapidamente na adoração do mal, a grande heresia maniquéia foi enunciada por Calvino em uma nova estranha forma. Em realidade não opôs os dois princípios iguais, mas apresentou só um princípio: Deus. Mas atribuiu a esse Único Princípio todos nossos sofrimentos, e para a maioria de nós um sofrimento eterno e necessário. Fez com que nosso destino, bom ou mau, se igualara dentro da Divindade: criou uma imortalidade de perdição e uma condenação de bem-aventurança.
[43] C. S. LEWIS, op. cit.
[44] HEGEL, Filosofia do Direito, pgf. 257. A sociedade então, não é para Hegel um todo prático acidental da categoria relação, mas um tipo de substância que aniquilada, ingurgita, e aniquila às pessoas. A questão de seu bem não se coloca, formalmente; há, portanto em Hegel e no dizer de Komar, uma “participação esmagada”.
[45] HILAIRE BELLOC, Así ocurrió la Reforma, Thau, Buenos Aires 1984, 9-10.
[46] http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=27026.