02 outubro, 2015

Catecismo: Introdução às virtudes sobrenaturais (Parte I)

 “O objetivo da vida virtuosa e tornar-se semelhante a Deus”
São Gregório de Nissa.

A virtude sobrenatural é uma qualidade infundida por Deus na alma do homem, através da qual se obtém a propensão, facilidade e prontidão para conhecer e praticar o bem, visando à vida eterna.
As virtudes sobrenaturais são sete. Sendo três teologais (Fé, esperança e caridade) e quatro cardeais (prudência, justiça, temperança, fortaleza).

As virtudes teologais são assim chamadas por possuírem Deus como objeto imediato e principal.  De modo que, através da fé cremos em Deus e em tudo que Ele nos revelou, pela esperança esperamos um dia possuí-lo e pela caridade amamos a Deus, e n’Ele amamos a nós mesmos e ao próximo.
As virtudes teologais são infundidas no momento em que adquirimos a graça santificante, isto é primeiramente no batismo juntamente com os sete dons do espirito santo.

O homem para se salvar deve praticar os atos relativos às virtudes teologais. Deve ser educado para praticar, sobretudo ao chegar ao uso da razão, muitas vezes durante o decurso da vida e também em perigo de morte. 



A FÉ

 “Pedro, por inspiração do Pai celeste, proclamara: “Tu és Cristo, Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16) – fé que haveria de vencer todas as perseguições e todas as tempestades do inferno. Essa fé, que prepara as coroas dos apóstolos, as palmas dos mártires e os lírios das virgens, e que é virtude de Deus para salvação de todos os que crêem (Rm 1, 16)”
Pio XII

A fé é a virtude teologal e, portanto infundida por Deus, através da qual cremos como verdade tudo que foi revelado por Nosso Senhor e tudo que é proposto pela Santa Igreja Católica. Conhece-se a verdade através dos ensinamentos da Santa Igreja que é infalível, por meio do santo padre, o papa, sucessor de São Pedro e os bispos que são sucessores dos apóstolos que foram instruídos pelo próprio Cristo que empenhou sua palavra de que a Igreja jamais se enganaria.

Perde-se a fé negando ou duvidando voluntariamente de qualquer artigo daquilo que nos é proposto a crer. Recupera-se a fé através do arrependimento do pecado cometido e crendo novamente. 

É impossível compreender todas as verdades da fé. Algumas destas verdades são superiores a razão e assim são chamadas mistérios. São superiores, mas não contrários à razão, visto que foi Deus nosso Senhor foi quem nos presenteou ambos e Este não por ser bondade e verdade infinita não pode nem se enganar nem nos enganar. Em virtude disso, é que através do uso da razão, isto é através do método filosófico ou científico, pode-se ser persuadido a crer nos mistérios apesar de não compreendê-los em sua totalidade.

As verdades de fé, ensinadas pelo magistério da Santa Igreja, são encontradas na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição.

A Sagrada Escritura ou “Bíblia” é a coleção de livros escritos pelos profetas e hagiógrafos, apóstolos e evangelistas, inspirados pelo Espirito Santo e recebidos e transmitidos pela Igreja através dos séculos. A leitura da Sagrada escritura não é obrigatória para todos os cristãos, mas é recomendada.
A Bíblia é chamada o livro por excelência em razão da excelência da matéria de que trata e do Autor que a inspirou. Por essa razão não pode haver erro algum na Sagrada Escritura porque foi toda inspirada por Nosso Senhor, que foi o autor de todas as suas partes.   Isso não impede que nas traduções e cópias se tenha dado algum engano ou dos tradutores ou dos copistas.  Entretanto, nas traduções e cópias revisadas e aprovadas pela Santa Igreja não se pode encontrar erro algum no que diz respeito a fé a e moral. Por essa razão somente devem ser lidas em língua vernácula, as edições assim revistas e aprovadas pela Igreja, e que venham acompanhadas de explicações e notas aprovadas pela mesma Igreja.

Como então proceder ao receber uma Bíblia de um protestante ou por algum emissário de protestante?

Deve-se rejeitá-la com horror por ser proibida pela Igreja, e se por acaso haver aceitado sem reparação, deve logo lançá-la ao fogo ou entrega-la para o próprio pároco.  Deve-se proceder desta maneira em razão do prejuízo que pode ser causado pelos erros ou alterações presentes em virtude da ausência de aprovação da Santa Igreja e das notas explicativas das passagens obscuras que podem ser danosas a fé.

Por essa razão a Igreja também proíbe as traduções da Sagrada Escritura já aprovadas previamente por ela, mas reimpressas sem as explicações que a mesma Igreja aprovou.

A Sagrada Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada oralmente por Nosso Senhor e pelos apóstolos que chegou sem alteração pelos séculos por meio da Igreja até nós.
Os ensinamentos da Sagrada Tradição, são encontrados nos decretos dos Concílios Dogmáticos, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé e nos usos da Sagrada Liturgia.



Fonte: Catecismo Maior de São Pio X